O deputado maranhense Hildo Rocha (PMDB) foi chamado de “ridículo tirano” por outro parlamentar, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), durante discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados sobre a proposta que autoriza eleições diretas caso haja vacância na Presidência, como informa a coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo, no último sábado, 3.
Ex-secretário de Articulação Política do governo Roseana Sarney (PMDB) e aliado fiel da oligarquia no Congresso, Hildo Rocha é declaradamente contra eleições diretas caso Temer deixe o governo.
Tudo indica que o parlamentar segue as estratégias lançadas por José Sarney, principal conselheiro de Michel Temer (PMDB), após eclodirem as denúncias de corrupção contra o presidente. Sarney articula a permanência de Temer a todo custo no cargo com vistas às eleições de 2018. Com Temer no poder, Sarney espera contar com o aparato da máquina federal para patrocinar a campanha de Roseana no próximo ano, já que ela não poderá mais contar com o “apoio” do Palácio dos Leões.
Durante debate sobre a constitucionalidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê eleições diretas caso os cargos de presidente e vice-presidente fiquem vagos nos três primeiros anos do mandato, Hildo Rocha atacou o projeto. “Vocês estão enganando os artistas. Essa emenda é inviável!”, bradou o maranhense em referência aos atos organizados por artistas no Rio de Janeiro e em São Paulo que mobilizaram milhares de pessoas a favor das “Diretas Já”.
O deputado Chico Alencar respondeu com refinada ironia: “Eles sabem muito bem que ‘tem que ir aonde o povo está’ e que suas vozes terão que ‘se ouvir por mais zil anos’ contra ‘ridículos tiranos’, disse o parlamentar carioca citando versos de músicas de Milton Nascimento e Caetano Veloso.
A contragosto de Hildo, o texto original da proposta foi votada por unanimidade no Senado na última quarta-feira (31), mas na Câmara, a votação da ‘PEC das Diretas’, como ficou conhecida, vem sendo barrada pela base de Temer.
Os oposicionistas pedem a queda de Michel Temer e querem evitar a possibilidade de o Congresso escolher um presidente interino, dando preferência a escolha feita pelo povo.
Já Hildo Rocha e parlamentares da base governista querem a manutenção do texto constitucional vigente, que estabelece a realização de eleições indiretas. O motivo é simples: com votação indireta os aliados de Temer esperam emplacar um nome do seu grupo político e garantir a manutenção do poder. Nesse último caso, o cenário é bem favorável para os planos políticos arquitetados por Sarney para 2018.

Por Jorge Vieira